Contos
Meus contos
Um dia, gabriel e os seus amigos brincavam no quintal do orfanato com alguns brinquedos velhos e uns objetos que eles tinham encontrado. Um guarda chuva estragado e uma roda de bicicleta antiga. Suzana estava ali de longe observando eles. Cada gesto,cada palavra, ela ficava quieta analisando. As crianças brincavam de imaginação; o guarda chuva era a casinha, a roda havia se tornado um carro da última geração e os bonecos que faltava olhos e uma perna se tornaram os cavaleiros do mundo da imaginação.
Mas logo se ouvia uma voz feminina, interrompendo a brincadeira. Era dona Isabel, chamando para o café da tarde:
- Venham comer crianças!
Os pequeninos se apressaram em direção a mesa que não estava tão repleta de tantas comidas, mas tinha o suficiente para alimentá-los. Todos estavam ali e comiam, exceto uma pessoa. Laura então perguntou:
- Cadê a suzana?
- Verdade! Onde ela deve estar? (Gabriel se dá conta que ela não estava presente)
- Vai ver ela já comeu antes e deve estar por ai. Disse Gael.
- Deixa ela para lá. Finalizou Samira com a conversa.
Enquanto os outros comiam, Suzana estava prestes a cometer mais uma de suas façanhas; Aquela era uma oportunidade perfeita. Ela olha para os dois lados e não vê ninguém. Aquele era o momento de agir. Suzana pegou os brinquedos e os envolveu num saco de batatas, correndo para a mata próxima daquela região. A garota correu tanto até encontrar o lugar perfeito. Enfim ela enterra os brinquedos e fala consigo mesma:
- Agora eu quero ver como eles vão brincar sem os brinquedos deles! Hahahahahaha (ela ri num tom de risada maligna)
Realizada, a garota rebelde caminha fascinada com o plano que estava dando certo (ou melhor, quase certo) ,porém não contava com o que estava por vir. SUZANA CAI DENTRO DE UM BURACO e assustada começa a gritar:
- Socorro! Socorro! Alguém me escuta!?
Mas sem sucesso ninguém a ouve. A essa altura dona Isabel notou o sumiço de suzana e ficou preocupada com ela que chamou as outras crianças para ajudar a encontrar. Eles vasculharam todo o orfanato, no quintal, nos comôdos e até na rua , mas não encontraram Suzana.
Anoiteceu e sem notícias de Suzana. Todos foram então descansar para que no dia seguinte voltassem as buscas. Por mais que o momento estivesse sendo difícil para todos, principalmente para dona Isabel, o menino Gabriel tinha esperança de encontrar ela, assim ele acalmava e animava a todos ali para terem a mesma esperança, pois para o pequeno garoto, cedo ou mais tarde, Suzana iria aparecer.
No dia seguinte, Gabriel começa a busca por Suzana. O menino percorre por todos os lugares e caminhos daquele lugar, quando se depara com uma zona de mata por onde ele nunca havia entrado.
"Que lugar é esse?" Pensou Gabriel.
Até que ele escutou uma voz muito parecida com a de Suzana, então ele resolve ir em direção da voz. O som daquela voz havia acabado, mas foi bom o bastante para encontrar uma menina presa em um buraco. Suzana estava cabisbaixa e já sem esperança de sair dali, porém ela escuta uma outra voz:
- É você Suzana?
Suzana imediatamente olha para cima reconhecendo Gabriel e reponde em seu tom de desespero:
- Gabriel, me ajuda a sair daqui!
- Calma Suzana, eu vou dar um jeito de tirar você daí, eu prometo. Responde Gabriel determinado.
O menino corre voltando para o orfanato, afirmando ter encontrado a menina Suzana. Os outros amiguinhos faziam várias perguntas: sobre como ela estava? E aonde ela estava? Mas ele não tinha muito tempo para explicar, mas sim para pedir ajuda para resgatar a malvadinha.
Então Gabriel, os amigos e dona Isabel foram lá com o intuito de salvar Suzana. Chegando no local, eles descem uma corda para baixo, onde a garota se encontra.
- Segura nessa corda Suzana, que nós vamos te puxar para cima. Fala Gabriel
- Eu estou com medo...
- Não precisa ter medo, nós vamos te segurar firme e... vai dar tudo certo! Diz Gabriel.
Suzana enfim cria coragem e finalmente consegue sair de lá.(claro que com a ajuda das crianças e dona Isabel)
Agora aquela menina rebelde e má estava demonstrando um lado mais agradecida com todos ali, principalmente com Gabriel.
- Eu sempre fui má com você e seus amigos e mesmo assim você conseguiu me salvar. Muito obrigada por ter me ajudado.
- Eu nunca tive nada contra você Suzana, ainda mais eu faria tudo de novo se fosse qualquer pessoa em seu lugar.
- Você realmente tem um coração de ouro! Me desculpa por tudo? Ou melhor, me desculpem todos vocês pelo mal que tenho feito desde que entrei no orfanato... vocês me perdoam?
- É claro que sim! Gabriel e as outras crianças respondem em coro.
Como Suzana estava arrependida, ela pegou os brinquedos e devolveu para cada um deles e se tornou a nova amiga deles. Pela primeira vez, agora Suzana era uma boa amiga, mesmo tendo um pouco daquele jeito rebelde, aprendia sempre com Gabriel a ser uma ótima amiga e não magoar os outros amiguinhos. Para Gabriel as coisas mudaram, ele encontrou seus pais biológicos e foi morar com eles, mas não deixava de visitar seus amigos no orfanato.
Em um dia em que Gabriel visitava o orfanato, dona Isabel resolveu tirar uma foto de lembrança deles. Todas as crianças estavam lá, menos Suzana. Gabriel chama ela:
- Vem Suzana! Vamos participar da nossa fotografia.
- Melhor não, eu não gosto de me aparecer.
- Tudo bem.
- Digam "xis" crianças! Dona Isabel disse.
- "xis!!!"
Suzana apareceu lá no cantinho da foto.
2. O mercador folgado (23/04/2018)
Uma caravana de mercadores passavam pelo deserto do Saara, levando com eles frutas, jóias, tecidos, cavalos e outras coisas. Dentro dessa caravana existia um rapaz muito diferente dos demais, ele era mais esperto mas também muito folgado. Usava sua esperteza para conseguir as coisas do jeito mais fácil. Quando chegaram em uma cidade árabe, os mercadores começaram a montar suas tendas e arrumar as coisas pra vender. Enquanto eles montavam, o mercador folgado se aproximou deles e começou a falar:
- O dia está quente hoje?
E eles responderam:
- É mesmo!
Enquanto os mercadores conversavam, o mercador folgado entrou na tenda de um dos mercadores e comeu todas as frutas e quando terminou, saiu imediatamente de lá. O mercador dono daquela tenda conferiu suas frutas e então gritou, fazendo os outros correrem para ver o que aconteceu.
- Quem comeu minhas frutas?!
E o mercador folgado falou:
- Deve ter sido os animais. Relaxa amigo, talvez os coitadinhos estavam com fome.
Um outro mercador disse:
- Deixa isso para lá, você vai recuperar tudo isso depois.
O mercador que foi enganado aceitou o consolo dos companheiros e quando o dia acabou, todos foram dormir. Todos dormiam, menos o folgado. Ele entrou na tenda de um outro mercador e pegou todos os belos tecidos e enterrou em algum lugar. Quando o dia amanheceu, todos estavam prontos para mais um dia de vendas, porém se ouviu um outro grito:
- Não! Meus tecidos! E agora? O meu lucro já se foi!
- O que foi que aconteceu? - um mercador perguntou.
O mercador que estava desesperado respondeu:
- Eu fui roubado! Meus tecidos não estão no lugar que eu havia deixado!
E ele começou a chorar e o mercador folgado achava graça daquela cena. Porém um dia algo aconteceu. Ladrões apareceram para assaltar as tendas dos mercadores enquanto todos dormiam, já que era de noite. E como se fosse obra do destino, os ladrões escolheram roubar a tenda do mercador folgado. Eles roubaram tudo e foram embora. Pela manhã, um cliente apareceu pro mercador folgado e perguntou:
- Tem frutas?
Ele respondeu:
- Tem sim. Do bom e do melhor!
- Então me vê duas uvas, três maçãs, sete bananas e oito laranjas.
O mercador foi pegar as frutas e se assustou ao ver a dispensa vazia.
- Minhas frutas! Meus tecidos! Minhas mercadorias!
O mercador folgado começou a chorar e dispensou o cliente. Ele ficou sozinho, pensando e pensando até que chegou numa conclusão.
- Será que isso é um castigo de Alá pra mim ou foi alguma maldição?
Sentindo um peso forte na consciência, ele se decidiu. O mercador folgado foi falar com os colegas e no meio do caminho, encontrou uma garrafa com um papel escrito: FAÇA O QUE É CERTO.
Esse era o recado suficiente para dar a ele toda a coragem de fazer algo certo pela primeira vez na vida. Assim que encontrou os mercadores, ele confessou:
- Me desculpem? Durante esses dias, fui eu que comi suas frutas, peguei seus tecidos e enterrei para que seus negócios não vendessem e dessem errado. Por favor, me desculpem, estou muito arrependido.
- É claro que desculpamos! - um deles respondeu.
- Ficamos sabendo que você tinha feito tudo isso... - outro mercador falou.
- só estávamos esperando pra ver se você seria corajoso o suficiente para ser honesto e confessar seu erro. - concluiu outro mercador.
Assim o mercador folgado parou de fazer suas travessuras e malandragens. Seus negócios prosperaram e ele constituiu uma família e viveu até aos cem anos.
3. A maluca dos olhos azuis (19/06/2025)
Chovia fino naquela noite de quinta-feira e o cheiro de pão fresco ainda grudava nas mãos dela. Não que ela tivesse planejado aquilo. Roubar uma sacola de pão da própria casa e sair correndo como se fosse uma criminosa nunca esteve nos seus planos. Mas foi o que aconteceu.
Ela, a mãe e o irmão mais velho se esconderam atrás do carro do vizinho, como crianças tentando enganar o mundo. O coração dela batia forte, a respiração presa e os olhos correndo de um lado para o outro, procurando qualquer sinal de perigo. E o perigo veio.
— Então… é você que tá com a famosa sacola de pão? — uma voz masculina soou atrás dela.
Ela se virou devagar. Ali estava ele. Um policial de verdade. Usando um uniforme meio desalinhado, seu rosto com expressão entre o tédio e o deboche e um sorriso torto no canto boca, como se já tivesse visto aquele tipo de maluquice antes, mas nunca com tanto empenho teatral. O instinto de sobrevivência dela fez o que sempre fazia: criou uma personagem.
Ela tropeçou de propósito, bateu a mão na cabeça, riu alto e falou frases desconexas como se fosse uma bêbada perdida em plena luz do dia. No entanto era de noite.
— Moço… eu? Pão? Que pão? Eu só tô aqui… sentindo a energia da rua, sabe… a vibe… as cores do vento… — ela disse quase caindo.
Ele riu. Não de forma maldosa. Foi um risada baixa, mas sincera. Como se estivesse realmente se divertindo com a situação.
— Sabe o que é engraçado? — ele disse, dando dois passos em direção a ela. — Dá pra fingir um monte de coisa… mas tem uma coisa que não dá pra esconder.
Ela congelou e Ele inclinou um pouco a cabeça e a observou de perto.
— Esses olhos… supostos olhos azuis.
Ela piscou confusa. Nunca teve olhos azuis. Mas naquele instante, ficou sem palavras. Como se ele tivesse enxergado algo que ela mesma não via. E antes que ela pudesse reagir, ele esticou a mão e puxou seu celular.
— Vamos ver se a senhorita é só atriz ou se esconde mais coisas… Fanfics, né? — ele disse, deslizando o dedo na tela. — Acho que vou apagar sua conta…
A brincadeira morreu na garganta dela.
— Ei! Não! Por favor! Isso não! — ela gritou, correndo até ele, tentando pegar o celular de volta.
Ele levantou o aparelho com facilidade, mantendo fora de alcance, e riu ainda mais.
— Agora sim… a verdadeira dona dos olhos azuis apareceu.
Com um sorriso de canto, ele devolveu o celular para ela, virou as costas e foi embora, deixando ela com o coração acelerado, as mãos tremendo e uma mistura de raiva e algo que ela se recusava a nomear.
Os dias se passaram, mas a lembrança dele ficou presa na cabeça dela como uma música grudenta. Ela seguia sua rotina, mas sempre que passava perto da delegacia. Seus olhos corriam pela rua como se procurassem algo ou alguém. E numa quarta-feira nublada, o universo resolveu brincar de novo. Ela saía de uma papelaria, carregando um caderno novo e algumas canetas coloridas, quando escutou aquela voz novamente.
— Olha só… a dona dos olhos azuis de novo!
Ela quase derrubou tudo no chão. Lá estava ele, encostado na moto da polícia, com o capacete debaixo do braço, um sorriso torto e olhar de quem já sabia o quanto ela ficava desconcertada.
— Achei que tinha sido um delírio coletivo aquele dia — ela murmurou.
— Delírio? Não sei, mas confesso que nunca conheci alguém que fingisse estar bêbada por medo de ser pega com uma sacola de pão.
Ela cruzou os braços.
— Traumas alimentares… vai saber.
Ele riu outra vez e abaixou o tom de voz.
— E então? Apagou muitas histórias no app de fanfics depois daquele dia? Ou já escreveu alguma com um policial bonitinho e uma garota maluca?
O rosto dela queimou.
— Talvez eu tenha começado uma... — ela respondeu com um sorriso tímido — Mas… o policial era mais baixo e não tão metido.
Ele gargalhou.
— Vou ter que me esforçar mais então!
Antes de ir embora, ele inclinou a cabeça para o lado, como se quisesse guardar aquele momento.
— Cuide bem dos seus olhos azuis… e da sua conta de fanfic. Não quero ter que salvar de novo.
Ele subiu na moto, colocou o capacete e desapareceu no fim da rua. E ela ficou ali, com as canetas nas mãos e um sorriso bobo no rosto.
Naquela noite, ela abriu o editor de texto e sem pensar muito, começou a escrever uma nova história. Cujo título seria: O Policial, a Maluca e os Olhos que Nunca Foram Azuis, mas foi adaptado para: A Maluca dos Olhos Azuis.
E pela primeira vez em muito tempo, ela escreveu como se não tivesse mais medo de ser lida.
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